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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Espinho na carne de Paulo

ESPINHO NA CARNE DE PAULO


“e para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi me dado um espinho na carne” (2 Co 12.7)

            Paulo falava que possuía um espinho na carne. De certo modo, o espinho foi sempre uma figura de linguagem para algo desagradável, penoso e assim por diante. Também todo o cristão ou mesmo ser humano carrega consigo as adversidades da vida, que na sua carne são refletidas. São as vicissitudes da vida, que ao longo da evolução da alma se é compelido ao vestir o veículo corporal a que estamos manifestados nesse plano. Mas sobre o espinho, já no Antigo Testamento havia muitas referências, chegando o termo em hebraico a ter afinidade com o estrangeiro ou mesmo com monte Sinai. Vejamos alguns desses termos:
          “ESPINHOS -  Símbolo de punição, falsos ensinamentos, espinhos. Jz 8.7-16; Is 5.5-7; 7.23; Ez 2.6; Heb 6.8”.(Símbolos e tipos da Bíblia)
          Mas em Paulo o termo grego usado foi “skolops”, que serve também para estaca, algo pontudo. Há a referência a um anjo que teria trazido esse sofrimento e que o mesmo não era curado por fé ou oração, sendo algo para Deus. (Manual Bíblico Unger). Parece que o termo se referia a algo como espiação, provação ou semelhante, apesar de por Cristo já se estar perdoado dos pecados, e mesmo pelo batismo se ser uma nova pessoa.
          Mas em hebraico no Antigo Testamento:
אטת atad
procedente de uma raiz não utilizada provavelmente significando perfurar ou fazer rápido; DITAT - 71a; n m
      espinheiro, sarça, espinho
Atade, significando espinho, também chamada Abel-Mizraim e depois Bete-Hogla estava localizada a oeste do Jordão, entre o Jordão e Jericó

חרק chedeq
procedente de uma raiz não utilizada significando picar; DITAT - 611a; n m
espinheiro, espinho, picada
 חוח chowach
procedente de uma raiz não utilizada aparentemente significando furar; DITAT - 620a,620b; n m
      espinho, cardo, amoreira, espinheiro, moita
gancho, argola, corrente

סין Ciyn
de derivação incerta; n pr loc
Sim = “espinho” ou “barro”
uma cidade na parte oriental do Egito
a região deserta entre Elim e Sinai
Ciynay
de derivação incerta, grego 4614 σινα; DITAT - 1488; n pr loc
Sinai = “espinhoso”
a montanha onde Moisés recebeu a lei de Javé; localizada no extremo sul da península do Sinai, entre as pontas do mar Vermelho; localização exata desconhecida

 צן tsen
procedente de uma raiz não utilizada significando ser espinhento; DITAT - 1936a; n. m.
espinho, farpa
significado incerto


τριβολος tribolos
de 5140 e 956; n m
espinho, planta selvagem espinhosa, nociva para outras plantas

βατος batos
de derivação incerta; n m
um espinheiro ou arbusto espinhoso

 (Dicionário Bíblico Strong)


   O que mais interessa talvez seja o termo Sinai, que nos leva ao monte e a Lei ou Torá, recebida por Moisés. Com a nova aliança Jesus eu nova vida a muitas regras e tornou outras desnecessárias, como as alimentares e circuncisão, cumpridas no judaísmo. Não cumpre um cristão com os 613 mandamentos então não faz muito sentido uma seita A ou B querer defender que sua regra está na Bíblia, e que outro cristão não cumpre porque contraria o mesmo livro sagrado. Mesmo os cristãos primitivos, no exemplo do Sábado, onde era comemorado o Domingo por costume e tradição. A circuncisão e mesmo o “kacher”, regra alimentar judaica, também não mais foram cumpridos. Ficou mais restrito a “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, sendo um espinho nos flancos conviver com essa diferença doutrinária ao tempo de Paulo. Suas cartas foram insistentes em evidenciar essas mudanças. E sobre um anjo de Satanás, pode ser que isso ocorresse, mas todo o ato ruim e vício parece ser influído por alguma entidade, aqui sendo mais um cascão astral ou elemental, no dizer de ocultistas, e não anjo (uma vez que anjo fica preso a regras e dogmas...). O espinho na carne de Paulo maior talvez fosse mais a divergência doutrinária dos primeiros cristãos com judeus e outros, que uma doença ou malefício em seu corpo.
Indo para a cabala, o espinho seria sempre aquelas esferas abaixo do abismo como as conchas, chamadas de “quiflots”, e assim relacionadas com os demônios. Assim entrariam os vícios e defeitos “humanos”, como a ira, a inveja, a vingança, a dor, a doença em geral etc. Assim o espinho seria um desses ataques astrais e defeito mesmo do ser, no caso Paulo. Contudo com sua missão, não é de se duvidar que como interesses Cósmicos estavam em jogo, inimigos vários devem ter surgido, e energias negativas poderia afetar seu corpo, ou o tentaram crucificar. Quando se refere ao plano espiritual, isso pode ser traduzido como algo que tentou com pregos ou espinhos crucificar na dor o seu corpo carnal, contrariando a evolução não só de Paulo mas do cristianismo. Tais seriam as quiflots que tentariam afastar as verdadeiras esferas de emanações de Deus, as esferas de luz da árvore da vida cabalística. A árvore abaixo do abismo se chama de árvore da morte, e é essa a habitação das conchas e seus demônios, na cabala. O espinho na carne seria a relação com essas entidades trevosas, que na verdade são um aspecto do homem antigo, o pecador e não sábio, aquele que ainda não encontrou Cristo para seu caminho de Novo Homem, que supera a queda. Todo homem  assim tem seus espinhos na carne, e deve com sabedoria superá-los com o seu Cristo, bem como com a ajuda do seu Sagrado Anjo Guardião, para que haja sua reintegração a luz de Deus, da qual se afastou anteriormente.

Fontes

- Dicionário Bíblico Strong
- Manual Bíblico Unger
-  Símbolos e Tipos da Bíblia
-  Saint Martin - Homem: sua verdadeira natureza e ministério
-  Cabala – Roland Goetschel